sábado, 17 de março de 2012

Review 2



Evanescence - Evanescence

Comentários gerais sobre o álbum: Bom, é necessário explicitar alguns pontos pessoais e alguns gerais logo de início a fim de que a crítica fique embasada de forma mais clara: o Evanescence, em minha opinião, é uma banda que só pode ser compreendida de uma forma justa se tiver suas músicas cantadas junto com a vocalista, Amy Lee. Nunca acreditei que fosse uma dessas bandas feitas só pra se ouvir, se fosse não só não geraria o mesmo sentimento como perderia demais na qualidade e alcance. Evanescence é uma banda americana de rock alternativo, então fica complicado analisar em termos de ‘trabalho’ no mesmo nível analisado nas músicas que usam grandes sinfonias – ex. Within Temptation.

De forma mais geral, há um sintoma muito presente nas bandas atuais: elas se aceleraram e se simplificaram. Acredito que isto se dê da continuidade de uma tendência mundial que tem seu processo iniciado não há muito tempo, porém com o aumento gradual da comunicação global ela vem se acentuando também na música, principalmente americana e das culturas que bebem mais diretamente dela. Se as bandas europeias tem aderido à essa maneira produtiva, como não iria uma banda dentro do próprio Estados Unidos? Eu só queria deixar esses pontos claros porque não adianta julgar essas bandas com negatividade, é uma tendência extenuada que não oferece muita frente de batalha para quem se encontra justamente no centro.

What you want: A música inicial já apresenta a tendência com o uso de um ritmo mais acelerado e de toques característicos de, digamos assim, ‘outros estilos musicais’. A apresentação do refrão, ou seja, os segundos anteriores ao refrão foram bem pensados de forma que uma parte encaixa com a outra sem dificuldade sonora. Para retornar à música eles usaram uma batida bem rápida com a bateria que também combinou com o momento. O teclado durante a música fica procurando um lugar e achei isso desnecessário, mas de resto é um bom som. Destaque para a constante mudança de ênfase da bateria.

Made of stone: A presença de instrumentos é escassa nesse álbum, no entanto eu acho que foram bem utilizados na maioria das músicas. Nessa, por exemplo, o foco todo do instrumental é somente o de acompanhar a Amy, tanto que colocaram uma segunda voz em algumas partes para querer dizer: ‘Hey, nessa música você deveria estar prestando atenção à vocalista!’ e eu acho que é bem isso, o instrumental dela não me cativou pelo menos.

The change: ‘The change’ se apresenta no primeiro minuto de música. Penso que ela cai no mesmo esquema da anterior até esse ponto, o instrumental é um mero meio, tanto que se agita quando chega ao refrão e acalma logo posteriormente a ele. Mas ela apresenta algo diferente mais pra frente em 02:12 min e vai até 02:43 min quando cria uma introdução para um refrão diferenciado.

My heart is broken: Um encaixe de faixas que mantém a guitarra e apresenta um uso devido do piano. Até 0:23 min há uma apresentação de uma das camadas marcantes dessa música, um misto de voz e piano muito bem formado. A partir de 0:24 min se apresenta outra camada: voz, guitarra, bateria e o piano mais acelerado. Em 0:55 min o piano é praticamente sufocado. Essa é uma das estratégias musicais de efeito, de forma que, quando ele retornar, cause uma impressão maior. E em 01:42 min é exatamente tal efeito que se dá. O esquema se repete com pouquíssima variação sonora até 02:51 min: primeira parte apresenta voz, guitarra e bateria, já a segunda põe o piano como pano de fundo para o momento seguinte que vai pegar as características da primeira camada – voz e piano. Sempre penso nessa faixa como uma das mais complexas e admiráveis do álbum porque envolveu muitas camadas e a troca constante de lugar dos instrumentos.

The other side – Essa música faz um misto de ênfase instrumental/voz que deve ser pensado minuciosamente como foi feito em ‘My heart is broken’. O início é simples: um compasso de bateria, a guitarra acompanhando e enfim a voz que entra pra seguir esses passos. O instrumental faz leves pausas entre alguns segundos. Eu não sei a opinião geral, mas isso sempre foi um antídoto de amor pra mim. A pausa, mesmo que realmente relapsa como é esse o caso, cria uma expectativa ínfima e que, quando é preenchida, propicia prazer.

O misto que eu disse anteriormente faz parte desse ciclo: o instrumental acompanha a vocalista até o refrão, nesse ponto ela ganha a ênfase. Mesma coisa ocorre até 02:28 min, é aí que instrumental e voz revezam a atenção do ouvinte. Nem preciso dizer que a jogada com o piano e o instrumento de cordas é brilhante, né? E eu digo jogada porque não eram instrumentos esperados e foram isolados somente para servir ao propósito de tornar a música mais agradável naquele momento. Brilhante.

Erase this – Se há duas faixas que eu não soube exatamente como interpretar são ‘Erase this’ e ‘Sick’, não soube muito na época que o álbum foi lançado e não sei ainda agora. Mas vou tentar, já que a proposta aqui é essa, explicar porque essas duas faixas não me apetecem muito. Em ‘Erase this’ eu não consigo encontrar qual foi a intenção de quem produziu, minha cabeça não sabe em qual som se manter, então ela fica indo de um lado para o outro e isso me incomoda um tanto. A faixa é agradável se o ouvinte se propuser a cantá-la, principalmente porque há um clímax em 02:18 min que é gostosinho de acompanhar.

Lost in Paradise – Masterpiece. É a primeira música desacelerada no álbum até então, a introdução lenta com o piano é, no mínimo, muito relaxante. A faixa é linda, muito bem composta. É o que eu chamo normalmente de uma faixa harmônica – isso quer dizer que tudo encaixa sonoramente de forma a te incluir na música e não te deixar nela de forma passiva, na de um ouvinte. Para isso, ela te toca não só no uso dos instrumentos mas também na letra e na forma como esta é utilizada. A guitarra veio a calhar porque é uma intensificadora nas emoções que a música já tinha oferecido. Essa faixa dispensa análise detalhada, ela é perfeita por si e eu espero que todos que a ouçam possam sentir-se de forma similar sobre ela. :)

Sick – A ‘Sick’ já me gera um desgosto diferente se comparado ao gerado por ‘Erase this’. Essa música começa de uma forma apreciável e lá pra 0:40 min ela muda a ideia que havia direcionado naqueles primeiros segundos. A repetição de frases e a agudeza acelerada na voz da Amy fizeram com que a faixa destoasse do padrão de músicas do álbum. Por um lado isso é bom porque mostra uma capacidade de ir além da banda, por outro ela gera um sentimento de estranheza que, eu pelo menos, ainda não consegui superar. Talvez a colocação da nova ideia não tenha ficado boa como uma faixa oito, talvez fosse melhor tê-la colocado para fechar o álbum.

End of the dream – Ah, a arte de deixar a bateria em um plano superior ao da guitarra. Então, veja bem, ‘End of the dream’ é uma música bem intensa: ela tem a proposta de uma ênfase diferenciada que, como eu explicitei, é na bateria e que frequentemente intercala com a vocalista. Portanto, é uma música equilibrada, o que é complicado no campo do rock porque não se pode deixar muito a guitarra de lado. O destaque é voltado para essa ‘diferenciação’.

Oceans – É engraçado como existe certo padrão musical: a faixa ‘comercial’, a ballad, a que rememora os álbuns anteriores e a que traz as novas tendências. Isso é quase tão sintomático que é difícil não acabar classificando. ‘Oceans’ é a faixa que mixa as tendências novas com os traços do Evanescence anterior. É uma canção que eu particularmente gosto muito. Ela se inicia com um vocal ritmado e demora relativamente a introduzir o uso de guitarra, também deixa em evidência o baixo em algumas partes. A utilização de uma segunda voz exatamente do jeito que foi colocada deu a ideia do movimento de oceano, ou pelo menos assim me pareceu e, embora a música seja repetitiva no âmbito do refrão, ela tem algo de inovador a oferecer nos pontos que destaquei.

Never go back – Essa é outra faixa que nada tem a acrescentar e é bem parecida com a anterior: bateria e guitarra em primeiro plano e dá para ouvir um baixo se agitando logo de início e em algumas partes localizadas; difere de ‘Oceans’ só no aspecto de não introduzir as novas tendências, todo o resto do instrumental já foi bem reutilizado ao longo do álbum. Destaque para 02:24 min com uma nova forma de sequenciar piano, voz e bateria.

Swimming Home – ‘Swimming Home’ é a música lenta dentro da nova tendência musical. A batida seguida de uma letra romântica já é ouvida com frequência nas rádios mundiais e é a mesma fórmula usada de formas delicadamente diferentes – over and over again. Penso que o que há para oferecer nessa faixa é somente a voz da Amy.

PS: Há uma faixa extra que vale muito a pena conferir: ‘Say you will’, ela cai dentro do estilo mais Fallen de fazer música.

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