terça-feira, 17 de setembro de 2013

Nietzsche: As reverberações de uma sequência de eventos em um ser histórico



'Deve-se perguntar, portanto, o que se passava em território alemão e, mais extensamente, na Europa no geral enquanto o filósofo vivia. Quando ele nasceu não havia uma Alemanha, somente províncias da Áustria e Prússia. Em 1871 Nietzsche viu a unificação do território ser estruturada e solidificada tendo como chefe de Estado o chanceler Otto von Bismarck. Esse é um dos acontecimentos desse ano que marcaram o filósofo, o e outro se dava na França: a Comuna de Paris.

A Guerra Franco-Prussiana, guerra de 1870-1871, estabelece uma clivagem nas relações da Alemanha e França, afinal essas duas potências já vinham travando batalhas desde as Guerras Napoleônicas. Tal guerra envolvia interesses de equilíbrios de poder entre França e o então Império Prussiano, que terminaram por concluir com a vitória alemã e o ímpeto da unificação gerido por Bismarck.

Bismarck primeiramente era hostil à unificação e, portanto, os alemães não lhe adoravam. O plano inicial do chanceler era o de excluir a Áustria de seu território e, para isso, foram necessárias, em média, três guerras. No entanto, embora o interesse fosse o de tirar a Áustria de campo e não fomentar necessariamente o espírito de junção do território alemão, Bismarck se aproveitou de uma oportunidade de enfraquecimento do exército francês e tomou a Alsácia e a Lorena, territórios franceses; esta medida acabou por cimentar decisivamente o desejo dos alemães de se unificarem .

A Comuna de Paris, apesar de ocorrer na França, em 1871, tem impacto sobre Nietzsche. O acontecimento se refere à tomada de poder pelos operários durante três meses e, apesar de ter falhado sua permanência no domínio, a Comuna conquistou muitas reformas no meio trabalhista como: fim do trabalho noturno, descontos em salários foram abolidos, os sindicatos foram legalizados, o cargo de juiz se tornou eletivo, institui-se a igualdade entre sexos, entre outras. Para Nietzsche, o povo não deveria subir no poder, somente os homens devidamente estudados deveriam exercer tal obrigação. Além do mais, para o filósofo, o povo jamais deveria ter consciência de como é oprimido, do contrário, tomaria conta de toda a sociedade e iria distorcê-la. Nietzsche nunca explica exatamente esses sentimentos, talvez aponte que as pessoas sem condições de bons estudos não nutrem “virtudes”, mas isso não explica muita coisa. De qualquer forma, o que ele deixou claro é que a destruição de museus, causada pelos operários em Paris, realmente o deixou com impressões negativas sobre o operariado e o povo, no geral, daquele momento em diante, o que mostra que o acontecimento histórico o influenciou de alguma maneira em sua posição.

Assim, após esse apanhado biográfico em Nietzsche e bem geral em território alemão e suas delimitações, é possível estabelecer melhor o que chegava ao filósofo além dos “problemas” internos, ou seja, as turbulências mais características da segunda metade do século XIX e como estes fatos afetaram Nietzsche, o que prova sempre que ele era um homem de seu tempo'.

Trecho de conclusão de curso acadêmico, 2012.

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